ficções

fictions

Texto e direção: Rodrigo Portella (em interlocução com Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa)

A partir do livro SAPIENS de Yuval Noah Harari

Com Vera Holtz

Trilha Sonora e Performance Musical: Federico Puppi

Projeto idealizado por Felipe Heráclito Lima

Produtores associados: Alessandra Reis, Felipe Heráclito Lima e Natália Simonete

Indicado ao Prêmio Cesgranrio de Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Texto, Melhor Cenário, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Iluminação e Melhor Espetáculo

Indicado ao Prêmio Shell de Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Texto, Melhor Cenário e Melhor Figurino.

O ser humano se difere dos outros animais pela sua assombrosa capacidade de inventar histórias e acreditar coletivamente nelas, o que torna possível a cooperação entre milhões de pessoas para manutenção de quase tudo ao nosso redor: leis, religiões, dinheiro, sistemas políticos, ideologias, empresas etc. Inspirado no livro do israelense Yuval N. Harari, o espetáculo é uma obra "espatifada" com tom de improviso e performance, comandada por uma das mais importantes atrizes brasileiras.

Instigado pelas questões trazidas pelo livro e pela inevitável analogia com as artes cênicas – por sua capacidade de criar mundos e narrativas – o encenador Rodrigo Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada. Um dos principais objetivos é explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral.

"abraça o teu travesseiro / aproveita que você não nasceu na idade média e abraça o seu travesseiro da NASA, coração / junto com ele abraça também a sua insignificância / a gente não gosta de pensar assim, mas a vida inteira é uma caótica sucessão de acasos, meu amor / e eu tenho aprendido a me deixar à deriva um pouco / complacente aos pequenos acidentes / e isso talvez não seja tão ruim quanto parece."

Eu, Rodrigo Portella, um Homo Sapiens de 45 anos, nascido na América do Sul do século XX depois de Cristo, que até ler Uma Breve História da Humanidade me considerava um cético em absoluto, me vejo agora como um devoto, um crente categórico em tantos mitos e ordens que antes me pareciam condições naturais da nossa espécie. Hoje entendo o mundo dos humanos como um complexo sistema de alegorias e parábolas, mitos e crenças. Exatamente como o teatro: o que o rege são as ficções e o que o valida são os pactos entre quem cria e quem crê. A vida humana, assim como uma peça, acontece no imaginário dos humanos. Para uma borboleta, uma pessoa é apenas um bicho barulhento e ameaçador. À exceção do que é biológico, nós somos apenas uma sofisticada invenção de nós mesmos.